Manuel Morais

Professor, musicólogo, tangedor de instrumentos antigos de corda dedilhada, compositor e escritor. Manuel Morais participa na investigação e preservação da Música Antiga e mantém uma colaboração ativa com a Secretaria Regional da Educação e Recursos Humanos da RAM, na edição de livros e materiais multimédia, sobre a tradição musical madeirense.

Em Portugal, Manuel Morais desenvolve atividade pioneira na divulgação da Música Antiga, enquanto diretor musical do grupo Segréis de Lisboa e executante de alaúde, teorba, violas de 5 e 6 ordens e francesa; na área da pedagogia; e na investigação musicológica.
Manuel Morais estudou no Conservatório Nacional de Lisboa com o professor de instrumentos antigos de corda dedilhada, Emilio Pujol; Macario Santiago Kastner, professor de Musicologia e Interpretação de Música Antiga; e Constança Capdeville, no ensino de Composição.
Enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, Manuel Morais especializou-se na Espanha e na Suíça, com os professores Eugen M. Dombois e Michel Piguet, na Schola Cantorum Basiliensis e com Raymond Meylan, na Universidade de Zurique.

Em 1972 fundou o grupo Segréis de Lisboa constituído por uma formação variável de cantores e instrumentistas, com o objetivo essencial de fazer reviver a Música Antigacom a maior autenticidade possível.
O grupo Segréis de Lisboa atuou em Portugal e vários outros países da Europa, nos Estados Unidos da América, no Brasil, na China e na Índia. Também fez gravações para a RDP, RTP, Radio France, Radiodiffusion Belge; e para as discográficas Philips, Erato, EMI, Polygram e Movieplay.

Em 1981 os Segréis de Lisboa atuaram, no Funchal, na Igreja do ColégioII.

 egundo a edição do Diário de Notícias, de 3 de novembro, o repertório do concerto incluiu ”Música da Idade Média e do Renascimento”. Atualmente, o grupo continua a atuar com direção artística de Manuel Morais e mantém como principal objetivo a recuperação da música portuguesa e espanhola dos séculos XIII ao XIX.

Enquanto musicólogo e colaborador da Fundação Calouste Gulbenkian Manuel Morais participou na catalogação de fundos de música portuguesa do século XVI ao século XIX publicados na série Portugaliae Musica; a totalidade dos cancioneiros poético-musicais portugueses do século XVI, nomeadamente os cancioneiros de Elvas (Biblioteca Pública, Fundo Públia Hortência), de Lisboa (Biblioteca Nacional, Colecção Ivo Cruz), de Paris (Biblioteca da Escola Nacional Superior de Belas-Artes, Fundo Masson) e de Belém (Museu de Etnologia). Em Salamanca publicou La Obra Musical de Juan del Encina e em Lisboa publicou a coletânea Modinhas, Lundum e Cançonetas (sécs. XVIII-XIX) com acompanhamento de viola e cuitarra inglesa, prefaciada por Rui Vieira Nery.
Na sua atividade como professor, entre 1972 e 1998 lecionou no Conservatório Nacional de Lisboa.
Manuel Morais também participou nos Cursos de Música Barroca e Rocócó do Escorial (Espanha), nas Semanas de Música Antiga Ibérica e nos Cursos Internacionais de Música Portuguesa.
Desde 1998 é professor associado convidado do Departamento de Artes da Universidade de Évora; investigador do Centro de História da Arte da Universidade de Évora e membro individual do Conselho Português da Música (UNESCO).
Em 2005 lecionou na Escola Superior de Música da Catalunha (ESMUC) um curso dedicado aos cancioneiros poético-musicais renascentistas da Península Ibérica, para alunos, professores e investigadores do Departamento de Música Antiga.
Manuel Morais sagrou-se colaborador regular da RDP/Antena 2, como autor dos programas O Som IbéricoO Fascínio das Cordas Dedilhadas e A Nova Música Antiga (produzido entre 1989 e 2002).
O movimento em prol da Nova Música Antiga alcançou relevância na Europa no final da década de 1960, através da crescente interpretação da chamada Música Antiga, baseada em práticas de execução históricas.
De qualquer modo, Manuel Morais salientou que os músicos continuam nos primórdios daquilo que se considera uma interpretação histórica, devido à perda de repertório anterior ao RomantismoIII e ao grande desconhecimento, ainda existente, sobre como a música antiga soava realmente. Por exemplo, no que diz respeito à música medieval (desde o século XIII a início do século XV).Manuel Morais abordou um conjunto de questões sobre como se cantava esta música e tocavam os instrumentos; e destacou sobretudo a importância de descobrir qual era a chave para ler as diversas notações anteriores à notação mensuralIV negra e branca (também conhecida por Canto de Órgão); assim como outras questões sobre a música renascentista, maneirista e barroca.
O músico participa ativamente na preservação da tradição musical madeirense desde 2006, através de investigação, conferências e seminários. Atividades realizadas sobretudo no âmbito das edições que integram a ColeçãoMadeira MúsicaMúsica para Piano na MadeiraSarau Musical no FunchalBailes do Funchal no Séc. XIXSinfonias de Santa CecíliaO Bandolim na MadeiraO Machete Madeirense no Séc. XIX.